História da Oceanografia

História da Oceanografia

No mundo

A oceanografia pode ser uma das áreas mais recentes das ciências, mas suas origens remetem há dezenas de milhares de anos quando as pessoas começaram a se aventurar pelas suas zonas costeiras em jandagas. Estes primeiros exploradores marítimos, navegadores e oceanógrafos começaram a prestar atenção nos oceanos de diversas formas. Eles observaram que as ondas, tempestades, marés e correntes carregavam suas jangadas em certas direções em momentos diferentes. Eles também buscavam peixes para alimentação. Perceberam que, embora a água do oceano não parecesse diferente da água do rio, ela era salgada e pouco potável. Suas experiências e saberes dos oceanos foram transmitidas ao longo do tempo, de geração em geração, incluindo de mitos e lendas.

Mas foi há cerca de 2850 anos (850 aC) apenas que os primeiros naturalistas e filósofos começaram a tentar entender os enormes corpos d’água que viam do continente. Uma vez que as pessoas olhavam para o horizonte em direção aos oceanos e apenas o que viam era uma linha reta formada pela linha d’agua, eles acreditavam que a Terra era plana e que o oceano era um lugar hostil. Isto não deteve Colombo e outros a explorarem o oceano no final do século XIV e início do século XV e, finalmente, descobrirem que a Terra não era plana, mas sim redonda e que cerca de 70% de sua cobertura é formada pelos oceanos.

A oceanografia começou como um campo da ciência há pouco menos de 130 anos, no final do século XIX, depois que Americanos, Ingleses e Europeus lançaram algumas expedições a fim de explorar as correntes oceânicas, a vida oceânica e o fundo do mar. A primeira expedição científica a explorar os oceanos do Mundo e o fundo do mar foi a Expedição Challenger, realizada entre os anos 1872 e 1876, a bordo do navio de guerra britânico de três mastros o HMS Challenger.

Mas a oceanografia moderna teve início há menos de 80 anos, durante a 2ª Guerra Mundial, quando a Marinha dos EUA queria aprender mais sobre os oceanos para obter vantagens de combate, especialmente em ambiente submarine.

Texto extraído e traduzido de: https://divediscover.whoi.edu/history-of-oceanography/

No Brasil

De maneira análoga ao resto do mundo, a Oceanografia no Brasil nasceu com a cartografia. Em 1500, Juan de la Cosa, representou em seus desenhos, um trecho do litoral brasileiro. Dois anos depois, o país aparecia representado no planisfério de Cantino, uma das mais antigas cartas náuticas que representam os descobrimentos marítimos portugueses. Em 1508, o roteiro elaborado pelo navegador português Duarte Pacheco Pereira trazia valiosas informações sobre a costa do Brasil.

Naturalistas europeus que aportaram no Brasil na segunda metade do século XIX foram os pioneiros nas pesquisas sobre organismos marinhos, estudando a fauna e flora aquática para descrição e catalogação em coleções de museus da Europa.

O primeiro levantamento hidrográfico da costa brasileira ocorreu em 1857, entre as desembocaduras dos rios Mossoró (RN) e São Francisco (AL/SE), e foi realizado pelo Capitão-de-Fragata Vital de Oliveira, atual patrono da hidrografia brasileira. Em 1876, foi criada a Repartição da Carta Marítima, que deu origem à atual Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha (DHN).

Reconhecendo a importância do meio marinho, o governo de São Paulo convidou, em 1946, o pesquisador francês Wladimir Besnard para estabelecer o Instituto Paulista de Oceanografia. Com isso, o Brasil passou a ter sua primeira instituição dedicada à pesquisa dos recursos vivos, minerais e energéticos do mar. Mais tarde, em 1950, o Instituto foi incorporado à Universidade de São Paulo (USP), originando o atual Instituto Oceanográfico (IO-USP).

Outra importante figura para o desenvolvimento da oceanografia brasileira, e das ciências do mar em sentido amplo, foi o Almirante Paulo Moreira da Silva, que, em 1964, transformou o antigo veleiro navio-escola Almirante Saldanha no primeiro navio oceanográfico do país.

Em 1967, chegou ao Brasil o navio oceanográfico da USP, Professor Wladimir Besnard, especialmente construído para essa finalidade na Noruega. Sua incorporação abriu novas possibilidades aos cientistas brasileiros, que passaram a dispor de uma plataforma para navegar em alto mar, dando início aos primeiros cruzeiros oceanográficos na costa do Brasil.

Em 1970, foi criado, na Fundação Universidade do Rio Grande (FURG), o primeiro curso de graduação em Oceanologia do Brasil, e em 1971, o primeiro de Engenharia de Pesca, na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Em 1978, entrou em operação o NOc. Atlântico Sul, da FURG.

Em 1983, o Brasil desembarcou pela primeira vez na Antártida, utilizando para tanto as embarcações NPq. Professor W. Besnard, da USP, e o Barão de Teffé, da Marinha do Brasil, dando início ao cumprimento dos compromissos assumidos pelo país como signatário do Tratado da Antártida (1959). A Estação Brasileira na Antártida, denominada Comandante Ferraz, fundada em fevereiro de 1984 e instalada na Baía do Almirantado, junto à Ilha Rei George, próximo à Península Antártica, teve um importante papel no desenvolvimento do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR).

O levantamento mais recente indica que o Brasil tem hoje 98 instituições, localizadas em 20 estados, dedicadas, em diferentes graus, à produção e disseminação de conhecimentos na área de Ciências do Mar. O número de docentes e pesquisadores envolvidos com o tema não é conhecido com exatidão, mas é possível que esteja em torno de 1.000 profissionais. Entretanto, é importante destacar que os cursos de graduação que formam profissionais para atuar neste domínio já chegaram próximo dos 9.000 formados. Há, portanto, um grande esforço em pesquisa e formação de recursos humanos em andamento no país, que terá como legado a incorporação efetiva do espaço geográfico e dos recursos do Mar Territorial e da Zona Econômica Exclusiva ao patrimônio da nação, resguardando os interesses das presentes e futuras gerações de brasileiros.

Texto extraído de: Introdução às Ciências do Mar / organizadores Jorge Pablo Castello e Luiz Carlos Krug; autores Jorge Pablo Castello … [et al]. – Pelotas: Ed. Textos, 2015. https://cienciasdomarbrasil.furg.br/images/livros/LivroIntroducaoCienciasDoMar.pdf